"A sensação de que alguém está tentando te matar é angustiante" 21/05/2018 - 17:40
18/05/18
por Maria Teresa Cruz
Rivelino Zarpellon | Foto: Reprodução Facebook
"Rivelino me atende apreensivo. Não tem sido fácil nem mesmo confiar na própria sombra. Ele acredita que seu telefone esteja grampeado, o que nos faz combinar outra forma para conversar. “Não é minha primeira ameaça. Já sofri várias. As últimas foram em 2011”. Na época, ele e outros colegas denunciaram um esquema de corrupção que resultou no afastamento de juízes da Comarca de Xinguara, no sudeste do Pará. “Mas é a primeira vez que pessoas me procuram e rondam minha casa com características muito suspeitas. A sensação de que alguém está tentando te matar é angustiante, porque fico muito preocupado com minha família”, afirma.
Advogado há 18 anos e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), subseção Xinguara, Rivelino Zarpellon tomou conhecimento de que o seu nome estava em uma lista de “marcados para morrer” que circulava em um grupo de Whatsapp de policiais. “Fui advogado de dois policiais civis que participaram da chacina de Pau D’arco e fizeram acordo de colaboração premiada. A minha presença foi uma exigência deles por conhecer meu trabalho em defesa dos direitos humanos. Aceitei a pedido do delegado federal que cuidava da investigação paralela na época. Essas delações forneceram elementos para a denúncia e prisão preventiva dos policiais que hoje estão presos”, conta.
Além da longa experiência na militância pelos direitos humanos e contra a violência no campo, Rivelino é atualmente assessor jurídico do SINTEPP (Sindicato dos Trabalhadores/as em Educação Pública do Estado do Pará) e do SINDSAUDE (Sindicato dos Trabalhadores/as em Saúde no Estado do Pará).
Em 24 de maio do ano passado, uma mulher e nove homens foram mortos na Fazenda Santa Lúcia, na área de Pau D’Arco. Em um primeiro momento, a informação é de que durante uma reintegração de posse trabalhadores rurais teriam entrado em confronto com policiais. Na ocasião, o próprio governo do Pará saiu em defesa dos agentes das duas polícias envolvidos na ação. Pouco tempo depois, a investigação apontou que não houve troca de tiros e que o que aconteceu naquele dia foi uma execução. Em dezembro do ano passado, a Justiça do Pará concedeu habeas corpus aos 15 policiais acusados, mas em janeiro deste ano, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Carmen Lúcia, determinou que o grupo voltasse à prisão.
Rivelino afirma estar certo de que está sendo ameaçado por causa desse episódio. “O que eu ouvi naquelas delações é de arrepiar dado o nível de crueldade. Porque não mataram simplesmente. Antes, as vítimas foram torturadas. Estou muito preocupado”, contou à Ponte. O advogado informou o PPDDH (Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos), ao qual está vinculado desde 2011 por causa das ameaças anteriores, que o orientou a ficar fora do estado por dois meses. O nome do advogado foi incluído em uma rede internacional de proteção a defensores de direitos humanos, a Front Line Defenders. A ONG chegou a fazer uma nota cobrando as autoridades brasileiras de celeridade no caso e proteção irrestrita ao advogado."
por Maria Teresa Cruz
Rivelino Zarpellon | Foto: Reprodução Facebook
"Rivelino me atende apreensivo. Não tem sido fácil nem mesmo confiar na própria sombra. Ele acredita que seu telefone esteja grampeado, o que nos faz combinar outra forma para conversar. “Não é minha primeira ameaça. Já sofri várias. As últimas foram em 2011”. Na época, ele e outros colegas denunciaram um esquema de corrupção que resultou no afastamento de juízes da Comarca de Xinguara, no sudeste do Pará. “Mas é a primeira vez que pessoas me procuram e rondam minha casa com características muito suspeitas. A sensação de que alguém está tentando te matar é angustiante, porque fico muito preocupado com minha família”, afirma.
Advogado há 18 anos e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), subseção Xinguara, Rivelino Zarpellon tomou conhecimento de que o seu nome estava em uma lista de “marcados para morrer” que circulava em um grupo de Whatsapp de policiais. “Fui advogado de dois policiais civis que participaram da chacina de Pau D’arco e fizeram acordo de colaboração premiada. A minha presença foi uma exigência deles por conhecer meu trabalho em defesa dos direitos humanos. Aceitei a pedido do delegado federal que cuidava da investigação paralela na época. Essas delações forneceram elementos para a denúncia e prisão preventiva dos policiais que hoje estão presos”, conta.
Além da longa experiência na militância pelos direitos humanos e contra a violência no campo, Rivelino é atualmente assessor jurídico do SINTEPP (Sindicato dos Trabalhadores/as em Educação Pública do Estado do Pará) e do SINDSAUDE (Sindicato dos Trabalhadores/as em Saúde no Estado do Pará).
Em 24 de maio do ano passado, uma mulher e nove homens foram mortos na Fazenda Santa Lúcia, na área de Pau D’Arco. Em um primeiro momento, a informação é de que durante uma reintegração de posse trabalhadores rurais teriam entrado em confronto com policiais. Na ocasião, o próprio governo do Pará saiu em defesa dos agentes das duas polícias envolvidos na ação. Pouco tempo depois, a investigação apontou que não houve troca de tiros e que o que aconteceu naquele dia foi uma execução. Em dezembro do ano passado, a Justiça do Pará concedeu habeas corpus aos 15 policiais acusados, mas em janeiro deste ano, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Carmen Lúcia, determinou que o grupo voltasse à prisão.
Rivelino afirma estar certo de que está sendo ameaçado por causa desse episódio. “O que eu ouvi naquelas delações é de arrepiar dado o nível de crueldade. Porque não mataram simplesmente. Antes, as vítimas foram torturadas. Estou muito preocupado”, contou à Ponte. O advogado informou o PPDDH (Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos), ao qual está vinculado desde 2011 por causa das ameaças anteriores, que o orientou a ficar fora do estado por dois meses. O nome do advogado foi incluído em uma rede internacional de proteção a defensores de direitos humanos, a Front Line Defenders. A ONG chegou a fazer uma nota cobrando as autoridades brasileiras de celeridade no caso e proteção irrestrita ao advogado."
Leia mais em: https://ponte.org/a-sensacao-de-que-alguem-esta-tentando-te-matar-e-angustiante/