UNESCO: diversidade linguística na educação é essencial para sociedades inclusivas 11/09/2019 - 15:40

Participante do Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas, na sede da ONU, em Nova Iorque. Foto: ONU/Loey Felipe


Em mensagem para o Dia Internacional da Alfabetização, lembrado no domingo (8), a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, disse que abraçar a diversidade linguística na educação e nos processos de alfabetização é parte essencial de sociedades inclusivas.

“Nosso mundo é rico e diverso, com cerca de 7 mil línguas vivas. Essas línguas são instrumentos para a comunicação, o envolvimento com a aprendizagem ao longo da vida e a participação na sociedade e no mundo do trabalho”, disse Azoulay.

“Elas também são intimamente ligadas a identidades, culturas, visões de mundo e sistemas de conhecimento distintos. Portanto, abraçar a diversidade linguística na educação e nos processos de alfabetização é uma parte essencial de sociedades inclusivas e em desenvolvimento que respeitam a ‘diversidade’ e a ‘diferença’, de modo a apoiar a dignidade humana.”

A chefe da UNESCO lembrou que, atualmente, o multilinguismo — o uso de mais de uma língua na vida diária — se tornou muito mais comum com a maior mobilidade humana e a crescente onipresença da comunicação multimodal e instantânea. “Sua forma também evoluiu com a globalização e a digitalização. Enquanto o uso de certas línguas se expandiu para o diálogo entre países e comunidades, muitas línguas minoritárias e indígenas se encontram ameaçadas. Essas tendências têm implicações para o desenvolvimento da alfabetização.”

Segundo ela, ao mesmo tempo em que diferentes aspectos das políticas e das práticas interagem para a promoção da alfabetização, a construção de uma sólida base de pessoas alfabetizadas em uma determinada língua materna, antes que adotem uma segunda ou uma língua estrangeira, apresenta múltiplos benefícios.

“Contudo, cerca de 40% da população mundial não tem acesso à educação em uma língua que eles falam e entendem. Nós precisamos mudar isso, tornando as políticas e as práticas mais relevantes em termos linguísticos e culturais, enriquecendo ambientes alfabetizados multilíngues e explorando o potencial das tecnologias digitais.”

Durante mais de sete décadas, a UNESCO tem apoiado abordagens educacionais multilíngues e com base nas línguas maternas como um meio de aumentar a qualidade da educação e os entendimentos interculturais, disse Azoulay. “Uma vez, Nelson Mandela disse que ‘se você fala com um homem em uma língua que ele entende, o que você diz chega até sua mente. Se você fala na língua dele, o que você diz chega até seu coração’. Envolver tanto a mente quanto o coração é uma das chaves para a aprendizagem efetiva.”

Este é o Ano Internacional das Línguas Indígenas; também marca o 25º aniversário da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, quando foi aprovada a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e Prática em Educação Especial.

“Em solidariedade a essas ocasiões especiais, e por ocasião do Dia Internacional da Alfabetização 2019, a UNESCO faz um convite para se repensar a alfabetização em nosso mundo contemporâneo e multilíngue, como parte do direito à educação e um meio para a criação de sociedades mais inclusivas e mais diversas em termos linguísticos e culturais.”



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