Relatores da ONU alertam para recrudescimento do racismo nos EUA 17/08/2017 - 17:24

O racismo e a xenofobia estão aumentando nos Estados Unidos, alertou nesta quarta-feira (16) um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas após manifestações e violência de grupos de extrema direita em Charlottesville, no estado da Virginia.

“Estamos indignados com a violência em Charlottesville e o ódio racial demonstrado por extremistas de extrema direita, supremacistas brancos e grupos neonazistas”, disseram especialistas em comunicado conjunto.

“Vemos estes eventos como os mais novos exemplos do crescente racismo, discriminação racial, afrofobia, violência racista e xenofobia observados em manifestações por todos os Estados Unidos.”

“Estamos profundamente preocupados com a proliferação e a crescente proeminência de grupos de ódio organizados e racistas. Atos de discurso de ódio e racistas precisam ser condenados de forma inequívoca. Crimes de ódio precisam ser investigados e os perpetuadores perseguidos”, salientaram.

Os especialistas em direitos humanos fizeram um chamado renovado e urgente às autoridades norte-americanas a ampliar seu trabalho de combate a essa questão. “Chamamos o governo norte-americano e as autoridades estatais a adotar políticas efetivas como prioridade, para combater urgentemente as manifestações de incitação à violência racial, e entender como elas afetam a coesão social”, disseram os especialistas.

“O governo precisa ser vigilante no combate a todos os atos de racismo, xenofobia e violência racista, não importa onde ocorram. Incidentes recentes na Califórnia, em Oregon, Nova Orleans e Kentucky, assim como Charlottesville, demonstram a disseminação geográfica do problema”, afirmaram.

Os especialistas notaram que os manifestantes de extrema direita de Charlotesville gritavam slogans contra negros, judeus e imigrantes, e disseram ser importante que aqueles que cometeram crimes racistas ou de violência sejam responsabilizados.

“Pedimos o processo e a adequada punição a todos os perpetuadores e o rápido estabelecimento de uma investigação independente para os eventos”, disseram.

Os especialistas condenaram o atropelamento “horrível” de uma multidão de manifestantes, que deixou uma pessoa morta e diversas feridas. Também lembraram com tristeza o fato de dois policiais estaduais de Virginia terem sido mortos em uma queda de avião enquanto monitoravam a situação em Charlottesville.

Os especialistas que assinaram os documentos são Sabelo Gumedze, presidente do grupo de trabalho sobre pessoas afrodescendentes; Mutuma Ruteere, relator especial para formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerâncias relacionadas; e Anastasia Crickley, presidente do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial.

Os grupos de trabalho e os relatores especiais são parte do que é conhecido como Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Os Procedimentos Especiais, maior órgão de especialistas independentes do sistema de direitos humanos das Nações Unidas, é o nome geral dos mecanismos de monitoramento e checagem de fatos do Conselho que trata de um país específico ou de questões temáticas em todas as partes do mundo.

Os especialistas dos Procedimentos Especiais trabalham em bases voluntárias; não são funcionários da ONU e não recebem salário por seu trabalho. Eles são independentes de quaisquer governos ou organizações e servem em suas capacidades individuais.

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