ONU Mulheres empodera meninas e adolescentes nas Vilas Olímpicas do Rio 11/08/2016 - 16:30
No último sábado (6) – primeiro dia de competições dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro -, a ONU Mulheres, o Comitê Olímpico Internacional (COI), a organização não governamental Women Win e a marca Always, da Procter&Gamble, celebraram o empoderamento de meninas e mulheres pelo esporte em encontro que apresentou o projeto “Uma Vitória Leva à Outra” na Cidade das Artes, zona oeste da capital fluminense.
O evento contou com a participação também de 200 meninas e adolescentes, de um total de mais de 400, que participam da iniciativa desenvolvida em 16 Vilas Olímpicas por uma parceria entre a agência da ONU e a Prefeitura e implementada pelo Instituto Bola Pra Frente, com mobilização social realizada pelo Instituto Agenda de Integração Social.
Com o programa, além de praticarem atividades esportivas, as jovens frequentam duas vezes por semana aulas onde podem conversar sobre os desafios por que passam durante a puberdade, assim como sobre seu papel na sociedade, as desigualdades de gênero e os riscos de violência que têm de enfrentar.
“O poder do esporte nunca deve ser subestimado, pois pode transformar vidas, aumentando a confiança de meninas e jovens nas suas próprias habilidades, incentivando-as a tomarem as suas próprias iniciativas e a terem grandes expectativas”, defendeu a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka.
“Uma menina que entende a sua própria força e capacidade de resistência no campo esportivo está equipada para transformar essas habilidades em uma capacidade de vencer os obstáculos que enfrenta fora de campo.”
Representando o Comitê Olímpico Internacional, a ex-atleta Nawal Moutawakel – primeira mulher marroquina, africana e muçulmana a conquistar uma medalha de ouro em uma Olimpíada, na prova dos 400 metros com barreiras em 1984, em Los Angeles – reafirmou o papel do esporte como ferramenta para a vida.
“Como mulher e atleta, entendo sobre o poder do esporte, pois testemunhei isso na minha própria vida. O esporte tocou a minha vida de uma forma que a mudou totalmente. Deu-me força e autoconfiança para vencer os obstáculos que tive que enfrentar”, lembrou.
"Quando as Olimpíadas forem embora e vocês quiserem que esse programa permaneça, trabalhem juntos, escrevam cartas, falem com seus líderes políticos e digam: ‘eu tive um experiência que fez a diferença, eu quero que essa diferença dure a vida toda’."
Durante o encontro, a vice-presidente global da Always, Juliana Azevedo, anunciou que a marca vai apoiar o ‘Uma Vitória Leva à Outra’, fortalecendo a formação dos treinadores que atuam como multiplicadores do programa. Segundo a dirigente, cerca de metade das meninas que fazem esportes desistem quando chegam à puberdade.
Também presente, a ex-nadadora e medalhista olímpica norte-americana, Donna de Varona, mandou um recado para as meninas participantes do projeto: “Quando as Olimpíadas forem embora e vocês quiserem que esse programa permaneça, trabalhem juntos, escrevam cartas, falem com seus líderes políticos e digam: ‘eu tive um experiência que fez a diferença, eu quero que essa diferença dure a vida toda'”.
“Vocês todas têm de lutar pelo seu lugar”, ressaltou a ex-atleta, que foi a mais jovem nadadora a participar de uma Olimpíada e bateu 18 recordes ao longo de sua carreira.
Em 1960, De Varona tinha apenas 13 anos quando participou dos Jogos de 1960, em Roma. Em 1964, ela conquistou duas medalhas de ouro – nos 400 metros medley individual e no revezamento dos 400 metros livres.
Representando o Comitê Olímpico do Brasil (COB), a bimedalhista de prata do vôlei brasileiro nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e Atenas 2004, Adriana Behar, chamou de “mulheres guerreiras” as responsáveis pelo projeto que, segundo ela, celebra o esporte como “ferramenta de inclusão social e formação de pessoas”.
“Dediquei 25 anos da minha vida ao esporte. Eu tive dentro da minha casa, talvez, as maiores oportunidades de buscar os meus próprios objetivos e de superar as minhas barreiras. Infelizmente, essa ainda não é a realidade da maioria das meninas no Brasil”, lembrou a atleta.
Behar disse ainda que espera que, com o “Uma Vitória Leva à Outra”, as meninas participantes do programa sejam “campeãs na vida”, mesmo se não decidirem serem atletas, e liderem gerações futuras para garantir a igualdade entre homens e mulheres.
O currículo do “Uma Vitória Leva à Outra”, desenvolvido pela parceira da ONU Mulheres, Women Win, já é disseminado em 25 países, alcançando 217 mil meninas e jovens mulheres.
Os conteúdos foram adaptados pela agência das Nações Unidas e pela REDEH – Rede para o Desenvolvimento Humano para o programa do Legado Olímpico no Brasil e têm melhorado significativamente a autoestima das meninas e o seu entendimento sobre saúde e direitos sexuais, eliminação da violência contra mulheres e meninas, finanças e empoderamento econômico.
A metodologia tem se mostrado eficaz nas nações em que o programa foi implementado pela Women Win e parceiros locais. Oitenta e nove por cento das meninas dizem que se sentem líderes, em comparação a 46% antes do programa.
Outras 93% sabem o que fazer para denunciar casos de violência e quase 80% das meninas têm um maior entendimento sobre a sua saúde e diretos sexuais e reprodutivos e como prevenir gravidez precoce e infeções sexualmente transmissíveis.
O “Uma vitória leva à outra” deve alcançar, até 2017, 2,5 mil meninas, de dez a 18 anos de idade, e 300 mães adolescentes que não frequentam a escola no Rio de Janeiro para, posteriormente, ser reproduzido pelo Brasil e toda a América Latina.
Meninas empoderadas
Adrielle Alexandre da Silva, de 12 anos, dividiu com a plateia da Cidade das Artes o seu sonho de se tornar uma atleta profissional ou professora de ginástica rítmica no futuro. “Eu aprendi que ser uma campeã tem a ver com fazer com que os meus sonhos sejam realizados, ajudar as pessoas e ajudar a transformar a minha comunidade”, disse a menina sobre sua experiência com o projeto.
Na semana passada, a jovem teve a oportunidade de participar do revezamento da chama olímpica. “Quando carreguei a Tocha Olímpica, não estava apenas sonhando em me tornar uma ginasta olímpica, mas também em transformar a minha comunidade em um lugar sem violência”, lembrou.
Outra integrante do painel que apresentou o “Uma Vitória Leva à Outra”, Marcelly Vitória de Mendonça, moradora da Cidade de Deus, contou que o projeto e o apoio de seu professor de educação física fizeram com que ela acreditasse mais em si mesma, fosse mais determinada e sonhasse mais alto.
A dedicação ao esporte também afastou a menina do envolvimento com o tráfico de drogas. Marcelly agora quer ser atleta profissional e competir numa Olimpíada.
Louize, de 11 anos, faz karatê e conta que, quando começou a aprender a luta, “era um desastre”, pois ela ainda não dominava os golpes e tinha receio de enfrentar outras colegas. Além dos desafios do aprendizado de um novo esporte, ela teve de lidar com críticas de amigos.
“Lá na minha rua, muitos garotos falavam assim ‘ah luta não é para mulher’ porque você é menina, vai se machucar”, lembra Louize. “Mas eu vou tentar, sem tentar, ninguém consegue. Aí, agora eles têm medo de mim”, conta a menina sobre sua persistência em não desistir da luta.
“A gente tem que mostrar que mulher pode ir lá e conseguir”, explicou Geysa, que faz jiu-jitsu no centro esportivo de Vila Kennedy. Ela e Louize contaram ainda que foram incentivadas a praticar as artes marciais por suas famílias. Atualmente, suas mães também pensam em começar a treinar nos tatames das Vilas Olímpicas.
O evento contou com a participação também de 200 meninas e adolescentes, de um total de mais de 400, que participam da iniciativa desenvolvida em 16 Vilas Olímpicas por uma parceria entre a agência da ONU e a Prefeitura e implementada pelo Instituto Bola Pra Frente, com mobilização social realizada pelo Instituto Agenda de Integração Social.
Com o programa, além de praticarem atividades esportivas, as jovens frequentam duas vezes por semana aulas onde podem conversar sobre os desafios por que passam durante a puberdade, assim como sobre seu papel na sociedade, as desigualdades de gênero e os riscos de violência que têm de enfrentar.
“O poder do esporte nunca deve ser subestimado, pois pode transformar vidas, aumentando a confiança de meninas e jovens nas suas próprias habilidades, incentivando-as a tomarem as suas próprias iniciativas e a terem grandes expectativas”, defendeu a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka.
“Uma menina que entende a sua própria força e capacidade de resistência no campo esportivo está equipada para transformar essas habilidades em uma capacidade de vencer os obstáculos que enfrenta fora de campo.”
Representando o Comitê Olímpico Internacional, a ex-atleta Nawal Moutawakel – primeira mulher marroquina, africana e muçulmana a conquistar uma medalha de ouro em uma Olimpíada, na prova dos 400 metros com barreiras em 1984, em Los Angeles – reafirmou o papel do esporte como ferramenta para a vida.
“Como mulher e atleta, entendo sobre o poder do esporte, pois testemunhei isso na minha própria vida. O esporte tocou a minha vida de uma forma que a mudou totalmente. Deu-me força e autoconfiança para vencer os obstáculos que tive que enfrentar”, lembrou.
"Quando as Olimpíadas forem embora e vocês quiserem que esse programa permaneça, trabalhem juntos, escrevam cartas, falem com seus líderes políticos e digam: ‘eu tive um experiência que fez a diferença, eu quero que essa diferença dure a vida toda’."
Durante o encontro, a vice-presidente global da Always, Juliana Azevedo, anunciou que a marca vai apoiar o ‘Uma Vitória Leva à Outra’, fortalecendo a formação dos treinadores que atuam como multiplicadores do programa. Segundo a dirigente, cerca de metade das meninas que fazem esportes desistem quando chegam à puberdade.
Também presente, a ex-nadadora e medalhista olímpica norte-americana, Donna de Varona, mandou um recado para as meninas participantes do projeto: “Quando as Olimpíadas forem embora e vocês quiserem que esse programa permaneça, trabalhem juntos, escrevam cartas, falem com seus líderes políticos e digam: ‘eu tive um experiência que fez a diferença, eu quero que essa diferença dure a vida toda'”.
“Vocês todas têm de lutar pelo seu lugar”, ressaltou a ex-atleta, que foi a mais jovem nadadora a participar de uma Olimpíada e bateu 18 recordes ao longo de sua carreira.
Em 1960, De Varona tinha apenas 13 anos quando participou dos Jogos de 1960, em Roma. Em 1964, ela conquistou duas medalhas de ouro – nos 400 metros medley individual e no revezamento dos 400 metros livres.
Representando o Comitê Olímpico do Brasil (COB), a bimedalhista de prata do vôlei brasileiro nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e Atenas 2004, Adriana Behar, chamou de “mulheres guerreiras” as responsáveis pelo projeto que, segundo ela, celebra o esporte como “ferramenta de inclusão social e formação de pessoas”.
“Dediquei 25 anos da minha vida ao esporte. Eu tive dentro da minha casa, talvez, as maiores oportunidades de buscar os meus próprios objetivos e de superar as minhas barreiras. Infelizmente, essa ainda não é a realidade da maioria das meninas no Brasil”, lembrou a atleta.
Behar disse ainda que espera que, com o “Uma Vitória Leva à Outra”, as meninas participantes do programa sejam “campeãs na vida”, mesmo se não decidirem serem atletas, e liderem gerações futuras para garantir a igualdade entre homens e mulheres.
O currículo do “Uma Vitória Leva à Outra”, desenvolvido pela parceira da ONU Mulheres, Women Win, já é disseminado em 25 países, alcançando 217 mil meninas e jovens mulheres.
Os conteúdos foram adaptados pela agência das Nações Unidas e pela REDEH – Rede para o Desenvolvimento Humano para o programa do Legado Olímpico no Brasil e têm melhorado significativamente a autoestima das meninas e o seu entendimento sobre saúde e direitos sexuais, eliminação da violência contra mulheres e meninas, finanças e empoderamento econômico.
A metodologia tem se mostrado eficaz nas nações em que o programa foi implementado pela Women Win e parceiros locais. Oitenta e nove por cento das meninas dizem que se sentem líderes, em comparação a 46% antes do programa.
Outras 93% sabem o que fazer para denunciar casos de violência e quase 80% das meninas têm um maior entendimento sobre a sua saúde e diretos sexuais e reprodutivos e como prevenir gravidez precoce e infeções sexualmente transmissíveis.
O “Uma vitória leva à outra” deve alcançar, até 2017, 2,5 mil meninas, de dez a 18 anos de idade, e 300 mães adolescentes que não frequentam a escola no Rio de Janeiro para, posteriormente, ser reproduzido pelo Brasil e toda a América Latina.
Meninas empoderadas
Adrielle Alexandre da Silva, de 12 anos, dividiu com a plateia da Cidade das Artes o seu sonho de se tornar uma atleta profissional ou professora de ginástica rítmica no futuro. “Eu aprendi que ser uma campeã tem a ver com fazer com que os meus sonhos sejam realizados, ajudar as pessoas e ajudar a transformar a minha comunidade”, disse a menina sobre sua experiência com o projeto.
Na semana passada, a jovem teve a oportunidade de participar do revezamento da chama olímpica. “Quando carreguei a Tocha Olímpica, não estava apenas sonhando em me tornar uma ginasta olímpica, mas também em transformar a minha comunidade em um lugar sem violência”, lembrou.
Outra integrante do painel que apresentou o “Uma Vitória Leva à Outra”, Marcelly Vitória de Mendonça, moradora da Cidade de Deus, contou que o projeto e o apoio de seu professor de educação física fizeram com que ela acreditasse mais em si mesma, fosse mais determinada e sonhasse mais alto.
A dedicação ao esporte também afastou a menina do envolvimento com o tráfico de drogas. Marcelly agora quer ser atleta profissional e competir numa Olimpíada.
Louize, de 11 anos, faz karatê e conta que, quando começou a aprender a luta, “era um desastre”, pois ela ainda não dominava os golpes e tinha receio de enfrentar outras colegas. Além dos desafios do aprendizado de um novo esporte, ela teve de lidar com críticas de amigos.
“Lá na minha rua, muitos garotos falavam assim ‘ah luta não é para mulher’ porque você é menina, vai se machucar”, lembra Louize. “Mas eu vou tentar, sem tentar, ninguém consegue. Aí, agora eles têm medo de mim”, conta a menina sobre sua persistência em não desistir da luta.
“A gente tem que mostrar que mulher pode ir lá e conseguir”, explicou Geysa, que faz jiu-jitsu no centro esportivo de Vila Kennedy. Ela e Louize contaram ainda que foram incentivadas a praticar as artes marciais por suas famílias. Atualmente, suas mães também pensam em começar a treinar nos tatames das Vilas Olímpicas.