Nexo: Racismo é o motor da violência 15/08/2020 - 17:30

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Observatórios vêm se tornando mecanismos relevantes de monitoramento e divulgação de dados em várias esferas de conhecimento, como meio ambiente, políticas sociais e ciências. A missão deles é captar e produzir informação para transformá-la em conhecimento útil a diferentes atores. Eles são sistemas organizados e estruturados de coleta, descoberta e análise de informações sobre um determinado setor de atuação.


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Durante um ano, os observatórios da Rede de Observatórios da Segurança Pública monitoraram acontecimentos sobre violência e polícia em cinco estados (Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo).

Nesse monitoramento, de junho de 2019 a maio de 2020, foram registrados 12.559 fatos, reunidos a partir da análise diária de jornais, sites e redes sociais. Monitoramos 16 indicadores, entre eles a violência contra a população LGBTQI+, chacinas, linchamentos, ataques de grupos criminais, ações de policiamento, sistemas prisionais, racismo e violência contra mulheres.

Os resultados são impactantes e revelam muito sobre as dinâmicas de segurança e atos violentos nesses estados. Por exemplo, descobrimos que o policiamento é o foco de 56% dos fatos registrados. Encontramos um mar de notícias em sites e jornais e nas redes sobre ações policiais. Entre 7.062 ações policiais, registramos 984 adultos mortos, 712 feridos e 27 crianças e adolescentes mortos.

As palavras “operações”, “prisões”, “suspeito”, “drogas” e “tráfico” são as que circulam com mais frequência nos discursos sobre violência. Em contraste, a palavra “negro” apareceu apenas uma vez nos mais de 7.000 registros relacionados a operações e patrulhamentos. Estudos sobre homicídios, violência e segurança pública mostram que o racismo, ou o viés racial, é a variável estruturante mais persistente da violência e da segurança. Seja em crimes interpessoais, como feminicídio, seja em linchamentos, violência contra a população LGBTQI ou policiamento, o racismo atravessa as dinâmicas e processos. No entanto, como mostra o pequeno número de menções ao tema no nosso monitoramento (só 50 casos, em mais de 12 mil), raramente é declarado abertamente.


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